O par da unidade

A unidade seria a perfeição. Quantas vezes a encontrámos já?

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Location: Por aí..., Aruba

Chega a ser triste, não sei o que dizer de mim senão isto: para mim sou uma coisa, para cada pessoa com quem falo sou outra diferente. Mas, não é que gosto disto?!

Wednesday, March 26, 2008

Por aí...

Queria estar poder dizer que estou por aí.
Onde não há tempo nem espaço.
onde não estou. Mas podia estar .
Onde não sou. Mas podia ser.
Onde não há o peso da responsabilidade adulta. Nem pode haver.

Procurei. No outro dia. As fadas no meio das flores.
Contigo. Filha. Não estavam lá. As fadas.
Estavam por aí.
Queria estar contigo. Sem ter crescido.
Ter muitos dias assim. Procurar as fadas.
Acreditando. Que elas podiam mesmo estar lá.
Porque acreditei. Naquele momento acreditei.
Tanto como tu.

Queria poder dizer que estou por aí.
Onde não há segundas intenções.
Onde não há mentira.
Onde o peso da vida não pesa. Não é preciso.
Onde olhar a vida não nos custa. A dor. As lágrimas.

Talvez seja só a força de vontade.
Que falte.
Para poder dizer. Estou por aí.
A procurar as fadas.
Sem olhar o relógio.
Sem pensar nas outras coisas.
Que magoam.
Simplesmente. Estou por aí...

Monday, March 24, 2008

Terra

Há terra que nos amarra,
que nos obriga a querer. Ficar.

Há terra que nos obriga:
a não querer partir mais,
a enfrentar o mundo de peito aberto,
a fazer as coisas como deve ser.

Há terra que tem pedras.
Pedras como nós.
De todos os tamanhos. Feitios. Espessuras. Maleabilidade.

Há terra que nos lembra.
Que estamos sempre a adiar a vida.
Enquanto vivemos.
Não como queremos.
Como deve ser.
Sem mossa no que pensarão de nós.
Adiamos quem nós somos.

Ninguém quer saber.
Quem somos. Como somos.
Ou isto será apenas um auto-engano para simplesmente não nos darmos.
Há terra com pedras.
Que nos impele a sermos nós.
Que nos ignora. Porque nos conhece.
Porque está no mais fundo de nós.
E essa terra somos nós. Com as pedras.
Passaremos. E a terra continuará lá.
A chamar. Outro alguém.
Agora chama-me mim.
Como se não houvesse mais ninguém.

Há terra com pedras.
Que me afaga o cabelo.
Enquanto as minhas lágrimas caem.
Na terra com pedras.
Não é preciso dizer nada.
A angústia que me atravessa.
Não é preciso.
Eu sei que estou em casa.
E os pinheiros olham-me.
Com pena.
Pena que não possa estar sempre em casa.
Temem. Por mim. Comigo.
O vento que sopra. Revolve os pinheiros. Amansa a terra.
Sentimo-nos todos em paz.
Como entes queridos que se reencontram.
Sem nunca perder o sabor da intimidade.
Sem ter que disfarçar a dor com que a vida nos presenteou.
Amando cada traço.
Sem ter que justificar.

Há terra. Com pedras. E pinheiros.
Que é minha. Até que eu morra.
Será a minha casa depois disso.
Salgada com as minhas lágrimas.
Alimentada pelo amor irracional que lhe devoto.

Sunday, March 23, 2008

Dia Mundial da Poesia

Ai, quem me dera ser poeta!
Quem me dera poder louvar-te em meus versos,
cantar-te em minhas trovas.

Poder dizer-te que:
és a estrela da manhã que desperta e orienta,
és o sol do meio dia que ilumina e aquece,
és a brisa da tarde que refresca e dá ânimo,
és a lua que enfeitiça e faz sonhar.

Condensas a força da tempestade
e a serenidade das tardes de calmaria,
a revolta das ondas alterosas
e a paz tranquila das águas do lago.

Poder mostrar-te como descobri em ti
a liberdade dos pássaros,
a grandeza dos oceanos,
o deslumbramento da paisagem,
o mistério do firmamento,
o feitiço a lua,
a frescura e o entusiasmo da juventude
e a maternidade responsável da idade adulta.


Anónimo conhecido

A chuva

Ouvia a chuva que caía.
Seria a chuva no vidro? Ou as lágrimas no meu rosto?
Não importa. A chuva caía.
A vida não era nada.
Os sonhos não importavam mais.

Não pude, ainda assim, deixar de admirar as árvores.
Que passavam. Enquanto conduzia entre elas.
Não queriam saber. Da chuva. Do vento. Do sol.
Vieram e ficaram. Não têm por que reclamar.
Virá a chuva. Molhar-se-ão.
Virá o sol. Aquecer-se-ão.
Que importa se tudo passa? Se a eternidade não existe senão em nós?
No mais profundo recanto da nossa imaginação...

Ouvia a chuva que caía.
Teimava furiosamente em secar as lágrimas.
Que não me deixavam ver. As árvores. E as outras coisas.
A raiva teima sempre em não se deixar ultrapassar. Como as árvores.
A tristeza permanece sempre. Como se fosse parte de nós.

Não é.

A chuva caía...
Deixou-me passar.
Ignorou as árvores e abraçou-as.
A primavera da vida que agora floresce parece não querer que esqueçamos que também há inverno.
Que o frio não nos perdoará.

Monday, March 03, 2008


Sunday, March 02, 2008

Tempo

Quando queremos. Temos muita. Mas mesmo muita vontade. Qualquer distância se faz com um sorriso.
Mas não sempre. Às vezes. esse um preço. Um dos. A pagar por se ser adulto. Os compromissos profissionais. Todos os pequenos afazeres do dia-a-dia. Chamam-nos a qualquer hora. Sem dó nem piedade.

Quantas vezes não fizemos já 100Kms para dar um beijo e um abraço. Num amigo. Em alguém de quem sentimos saudades?

O tempo passa. E as distâncias, que já nos pareceram irrisórias, vão aumentando.
As saudades tambem. Vão aumentando. Mas a vida não é mais a mesma.

O que faz o nosso coração às saudades. Àquelas que aumentam e nos magoam. Até quase nos deixarem sem respirar? Àquelas que o tempo vai ajudando a esquecer?

As saudades esquecidas. Quem não esquecemos. Mas de quem nos lembramos. De vez em quando. Sem dor. Nem mágoa.

Até ao dia de sol. Que nos aquece a alma e refresca a memória. E nos relembramos. Com o coração. Volta a saudade. A que dói.

Como se afasta algo que é tão perto? Como nos parece impossível a travessia para um abraço e um beijo?

Hoje. Está um dia de sol. Lindo. Quente.