O par da unidade

A unidade seria a perfeição. Quantas vezes a encontrámos já?

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Chega a ser triste, não sei o que dizer de mim senão isto: para mim sou uma coisa, para cada pessoa com quem falo sou outra diferente. Mas, não é que gosto disto?!

Sunday, March 23, 2008

A chuva

Ouvia a chuva que caía.
Seria a chuva no vidro? Ou as lágrimas no meu rosto?
Não importa. A chuva caía.
A vida não era nada.
Os sonhos não importavam mais.

Não pude, ainda assim, deixar de admirar as árvores.
Que passavam. Enquanto conduzia entre elas.
Não queriam saber. Da chuva. Do vento. Do sol.
Vieram e ficaram. Não têm por que reclamar.
Virá a chuva. Molhar-se-ão.
Virá o sol. Aquecer-se-ão.
Que importa se tudo passa? Se a eternidade não existe senão em nós?
No mais profundo recanto da nossa imaginação...

Ouvia a chuva que caía.
Teimava furiosamente em secar as lágrimas.
Que não me deixavam ver. As árvores. E as outras coisas.
A raiva teima sempre em não se deixar ultrapassar. Como as árvores.
A tristeza permanece sempre. Como se fosse parte de nós.

Não é.

A chuva caía...
Deixou-me passar.
Ignorou as árvores e abraçou-as.
A primavera da vida que agora floresce parece não querer que esqueçamos que também há inverno.
Que o frio não nos perdoará.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

A chuva vem dos céus, da morada dos deuses e estes, aquele(s) em que acredito, só podem derramar bênçãos, não lágrimas. Não as lágrimas da dor, do sofrimento, porque essas são a nossa parte humana, as que põem a nu a nossa fragilidade, que mostram que não somos deuses, nem sequer anjos, apenas criaturas com sonhos. E a busca desses sonhos faz-se pagar, quantas vezes, com lágrimas que sinalizam as nossas mágoas, deixam adivinhar angústias e desilusões. Mas há as outras, as que são expressão de outras emoções e sentimentos, que são depertadas pela compaixão, pela beleza, pelo bem-estar que brota de uma ternura tranquila, as lágrimas que são a marca da felicidade plena. Será que as lágrimas são salgadas para temperarem a vida? As lágrimas nunca são de raiva. A raiva é seca, é estéril, é auto-destrutiva. E deixa vir o Inverno, não o esconjures, porque se uma lágrima solta sempre uma mão que a seca, o Inverno traz sempre um amigo que aconchega.

8:21 PM  

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