O par da unidade

A unidade seria a perfeição. Quantas vezes a encontrámos já?

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Chega a ser triste, não sei o que dizer de mim senão isto: para mim sou uma coisa, para cada pessoa com quem falo sou outra diferente. Mas, não é que gosto disto?!

Wednesday, March 29, 2006

...?


Gostamos de multidões porque não nos deixam tempo para pensar no quão sós estamos. Nunca gostei de multidões. Sempre gostei das nódoas negras com que acordo de manhã de tanto bater em mim. Natural. Talvez porque esteja presa cá dentro. Só por isso sou eu a única a ver as marcas. As minhas. Tu… também tens? Nódoas negras? Vontade de sair?

Gostamos de multidões porque há sempre alguém que nos impede de ver o nosso reflexo no espelho. Tempo suficiente. Aquele necessário para que nos vejamos.

Nunca gostei de multidões. Não conseguia ouvir os meus pensamentos. Só sei porque lá estava. Porque não havia necessidade de tantos porques. Porques de respostas e de justificações. Não porquês de perguntas. Para quê perguntar quando não queremos saber. É, também, por isso que gostamos de multidões. Não há tempo, nem necessidade de perguntar. Nada. Para quê? Se tu não sabes, nem pareces querer saber. Eu não tenho tempo sequer para perguntar o quê. O que não queres tu saber? Será que imaginas sequer que há um mundo lá fora? Dentro de ti?

Esse mundo lá fora, dentro de nós, é o que desejamos atingir e que nos aterroriza. Do qual nos esforçamos para sair, mas não sem antes o conhecer. Ou – por culpa da multidão, dizemos nós – não chegamos a conhecer. Também não nos esforçamos muito. Não gostamos daquele sentimento que nos percorre a espinha quando pressentimos as nódoas negras de quem só está de passagem na multidão. De quem nos toca e sente o que nós nem conhecemos. De quem nos olha e vê de nós aquilo que nem sabemos que está lá.

Como gostava de estar agora na multidão… Será que me reconhecerias? Ou ignorar-me-ias? Como, de resto, fazes contigo.

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